POEMA
DO ESTRANGEIRO
Aponta
o estrangeiro com o dedo risonho
as
orlas da praia
onde
as areias do quotidiano bebem as velhas
[águas.
Vai
alegre, o estrangeiro.
Com
o alpendre da mão encobre o Sol dos olhos
e
indaga à sua volta.
Indaga
o longe e o perto, o alto e o baixo, o quieto e
[o
turbulento
e
ri-se, ri-se muito de contente,
e
aprova com a cabeça o movimento das águas.
Alegra-se
o estrangeiro
de
ver o mais que visto.
É
a areia, é o barco, é a gaivota,
é
o pano do toldo que esvoaça,
é
o Sol que avermelha a face branca,
é
a criança em fuga das águas que a perseguem.
E
ri-se, ri-se muito de contente
porque
a alegria do estrangeiro é o não estar
onde
estaria se não estivesse ali vendo a gaivota,
e
a areia, e o barco, e tudo o mais que visto,
enquanto
a água se evapora na evaporação de todos
[os
dias.
António Gedeão
in
“Poemas
Escolhidos”
Lido por Maria Augusta da Silva
Neves
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