VIVEM NA MINHA MEMÓRIA
Sou o tempo que a minha memória guarda
viajei na lonjura dos sentimentos
continuo a viajar na certeza da minha finitude,
Por vezes, chama-me a saudade,
que, embora serena, me arde o peito
fazendo-me respirar o ar cansado da nostalgia!
Abraçado pela melancolia,
sento-me nas margens da minha maresia,
encho os meus olhos com a luz do horizonte
e levo-me a navegar no mar das recordações!
Esmoreço calmamente o meu desassossego,
relembrando o marulhar das águas quentes
daquele longínquo mar,
onde tantas e tantas vezes mergulhei ilusões,
nadei em sonhos que se desfaziam em espuma
na areia da praia da minha ansiedade!
A lonjura do tempo acampou em mim,
mas só os sonhos e as ilusões vivem na minha memória.
José Carlos Moutinho
in “Colectânea Galeria Vieira Portuense 2016”
lido por Maria de
Lourdes Ferreira
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