quinta-feira, 27 de abril de 2017

NUNCA SOMOS VELHOS


NUNCA SOMOS VELHOS

Tenho manhãs no olhar
E, porque amo a vida,
Tenho na alma a voar,
Vestida de céu e mar,
Uma ave muito querida...
Tenho no peito um jardim
E sou de novo criança.
E uma agitação sem fim
Esvoaça dentro de mim.
Ergo do chão os meus passos,
Sou barquinho de papel,
Trago o mundo nos meus braços!
Porque amo a vida
Tenho asas nos meus dedos,
Tenho de novo brinquedos.
Minha casa cheira a pão
E tenho muitas saudades
No altar do coração.
Há quem hoje diga:
Estou velha! Já não tenho idade para amar!
Ouvindo isto, fiquei surpresa:
Que tolice! O amor é intemporal!
Nunca somos velhos.
Enquanto neste mundo ando e falo
Não esqueço o tempo que passou
Amo as recordações em que me embalo
E até amo a saudade que ficou.
Amo da vida os dons e os folguedos,
Amo as pessoas que me querem bem
E mesmo aquelas que fazem que me zangue
Amo os que são da minha carne e do meu sangue.
Amo a Natureza em todo o seu esplendor
Para nos encher de calma e de doçura
Seja uma flor a abrir, uma ave que canta.
Um riso infantil a inspirar ternura...
Nunca somos velhos se soubermos
Encontrar sempre uma razão p'ra ser feliz.
Que tolice! A insensibilidade é que é velhice.
O sabor de viver talvez resida
nesta simples frase que ouvimos dizer:
"Não brinco porque estou a envelhecer"
Total engano: "Estou a envelhecer porque não brinco".

21/02/2011

Maria Paulina de Sousa

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