quarta-feira, 26 de outubro de 2016

SEUS OLHOS


SEUS OLHOS

Seus olhos — se eu sei pintar
O que os meus olhos cegou —
Não tinham luz de brilhar,
Era chama de queimar;
E o fogo que a ateou
Vivaz, eterno, divino,
Como facho do Destino.

Divino, eterno! — e suave
Ao mesmo tempo: mas grave
E de tão fatal poder,
Que, um só momento que a vi
Queimar toda a alma senti...
Nem ficou mais de meu ser,
Senão a cinza em que ardi.

Almeida Garrett, Folhos Caídas
in “Livro de marcadores Amar, Amar Perdidamente”
poemas de escritores portugueses

lido por Beatriz Maia

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