O COADOR DE
PALAVRAS
tinha nas mãos um
objecto estranho
e abanava-o
devagarinho, as mãos faziam
uma leve dança, um
lago dos cisnes
e as palavras caiam
direitinhas numa graça antiga
e espalhavam-se de
maneira sábia
de tal forma que
rodopiavam, saltando devagar
e harmoniosamente
umas sobre as outras
e postavam-se assim
segundo normas
que para elas
tinham sido feitas...
poderia dizer-se que
o bailado delas
era já o saber
em si mesmo ritmado
onde cada qual fugia do erro
ou da desordem ou
do acaso... elas compunham
um desenho grácil
de sentido comum
como se fizessem
parte duma orquestra
e cada qual
soubesse antecipadamente
o seu lugar, o seu
tempo, a sua companheira.
O POETA É UM COADOR
DE PALAVRAS!
Fernando Morais
in “Exclusivamente Poesia”
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