terça-feira, 27 de setembro de 2016

O COADOR DE PALAVRAS


O COADOR DE PALAVRAS

tinha nas mãos um objecto estranho
e abanava-o devagarinho, as mãos faziam
uma leve dança, um lago dos cisnes

e as palavras caiam direitinhas numa graça antiga
e espalhavam-se de maneira sábia
de tal forma que rodopiavam, saltando devagar
e harmoniosamente umas sobre as outras
e postavam-se assim segundo normas
que para elas tinham sido feitas...

poderia dizer-se que o bailado delas
era já o saber
em si mesmo ritmado onde cada qual fugia do erro
ou da desordem ou do acaso... elas compunham
um desenho grácil de sentido comum
como se fizessem parte duma orquestra
e cada qual soubesse antecipadamente
o seu lugar, o seu tempo, a sua companheira.
O POETA É UM COADOR DE PALAVRAS!

Fernando Morais

in “Exclusivamente Poesia”

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