CRISTO
Quando eu nasci,
Senhor!, já tu lá estavas,
Crucificado,
lívido, esquecido.
Não respondeste,
pois, ao meu gemido,
Que há muito tempo
já que não falavas.
Redemoinhavam,
longe, as turbas bravas,
Alevantando ao ar
fumo e alarido.
E a tua benta Cruz
de Deus vencido,
Quis eu erguê-la em
minhas mãos escravas!
A turba veio então,
seguiu-me os rastros;
E riu-se, e eu nem
sequer fui açoitado,
E dos braços da
Cruz fizeram mastros...
Senhor! eis-me
vencido e tolerado:
Resta-me abrir os
braços a teu lado,
E apodrecer contigo
à luz dos astros!
Marcelo Rebelo de Sousa
in “Os poemas da
minha vida”
lido por Maria Antónia Ribeiro
Sem comentários:
Enviar um comentário