terça-feira, 30 de agosto de 2016

SE...


SE...

Se as forças perdidas cá voltassem
aos dias de hoje, pálidos e foscos
e as agulhas da distância e do tempo
nos alfinetes e giz dos alfaiates

mostrassem

com a clareza absoluta da verdade
os movimentos do corpo juvenil
a propagar outras tantas sinfonias
que não devem morrer no esquecimento...

Se os conhecimentos adquiridos
nos trouxessem de novo à mocidade
e Palmira não fosse feita em ruínas
e Gaya assassinada pelo cimento

voltasse

da escuridão em que caiu aflita
e as mulheres do norte de xaile e de canastra
viessem cantar p'rás nossas ruas
os pregões dos seus pulmões inteiros

com aquela alegria sossegada e feliz
do sorriso aberto que nada obscurece

            e cantassem

outro futuro que não este opaco
em que me definho e envelheço
quando afinal era tão fácil
continuar a vida que já tive
para a felicidade colectiva...


Fernando Morais

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