SE...
Se as forças perdidas cá
voltassem
aos dias de hoje, pálidos
e foscos
e as agulhas da distância
e do tempo
nos alfinetes e giz dos
alfaiates
mostrassem
com a clareza absoluta da
verdade
os movimentos do corpo
juvenil
a propagar outras tantas
sinfonias
que não devem morrer no
esquecimento...
Se os conhecimentos
adquiridos
nos trouxessem de novo à
mocidade
e Palmira não fosse feita
em ruínas
e Gaya assassinada pelo
cimento
voltasse
da escuridão em que caiu
aflita
e as mulheres do norte de
xaile e de canastra
viessem cantar p'rás
nossas ruas
os pregões dos seus
pulmões inteiros
com aquela alegria
sossegada e feliz
do sorriso aberto que
nada obscurece
e cantassem
outro futuro que não este
opaco
em que me definho e
envelheço
quando afinal era tão
fácil
continuar a vida que já
tive
para a felicidade
colectiva...
Fernando Morais
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