ANTIGAMENTE!
Antigamente
as ruas da minha terra
cheiravam
a ovelhas e a arcã
quando
o gado passava para a serra
logo
ao despertar da manhã.
Cheiravam
a palha seca no verão
a
estrume transportado em carros de bois
com
destino aos campos para adubação
e
curtido por muitos orvalhos e sois.
Antigamente
sentava-me na soleira da porta
a
apanhar a aragem fresca da noite
comia
fruta madura da horta
e
a hora de me deitar era antes da meia-noite.
Antigamente
bebia água da cantara de barro
comia
pão amassado pelas padeiras
e
bebia água fresca da fonte pelo cacharro
e
comia figos maduros diretamente das figueiras
Antigamente
os miúdos eram mais saudáveis
brincavam
nas ruas em liberdade
eram
humildes, amistosos e sociáveis
mas
também rebeldes e com alguma maldade.
Antigamente
as raparigas eram jubilosas
os
rapazes tinham vergonha ao pé delas
e
as mais formosas
as
mais formosas eram vaidosas e belas.
Antigamente
para dar um beijo a uma
tinha
que estar muito bem escondida
e
ainda assim não se atrevia nenhuma
senão,
logo a seguir ficava comprometida.
Já
não existem as ruas de terra batida
onde
brinquei com os meus amigos
lembro-me
bem da minha despedida
e
dos meus áureos tempos antigos.
ArtCar (Artur Cardoso)
12-07-2016
Sem comentários:
Enviar um comentário