DEPENDÊNCIAS
Entro
em casa devagarinho.
Já
estás à porta à espera de um mimo
e
não mais me largas!
Eu
venho cansada, farta da vida lá fora,
não
dás por nada
até
eu me ir novamente embora.
Queres
a minha total atenção
na
cozinha
na
cama
no
salão...
Se
me deito um pouco
para
passar pelas brasas,
logo
te enroscas em mim
me
olhas assim
me
lambes a cara
me
cheiras o corpo
me
buscas a mão...
Claro,
sou tua, pois então!
Eu
é que pensava que não eras tão dependente
quando
te escolhi para viveres comigo
no
meio de tanta gente.
Preparo-me
para sair,
ficas
suspenso
de
olhar telepático, fixo em mim...
Porque
me olhas assim
que
me destróis?
Bolas,
tenho de ir ganhar a vida p Vá nós dois!
Afinal
onde está a tua rebeldia?
Preferia
andar como o cão e o gato...
Não
tenho sossego
com
o teu apego!
Mas
quando te vejo ronronar
no
silêncio da casa deserta,
o
meu instinto maternal desperta.
Passo-te
a mão pelo pêlo,
abres
os olhos sonolentos
saboreando
o zelo do meu acto!
E
logo mergulhas novamente num sono profundo
que
mudou o meu mundo
no
dia em que decidi ter um gato.
Maio 2013
Ana Margarida Borges
in “Já
Não Moro Aqui”
lido por Manuela Caldeira
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