FADO
Este fado que me leva por
caminhos inventados
E que faz da minha
existência um fadário,
Umas vezes pelo encanto
da poesia,
Outras por alguma
desilusão tardia,
Vou cantando este fado da
minha vida,
Desejando que as
amarguras se ausentem
E me tragam novas brisas
de alento
Que só as primaveras
coloridas consentem!
Ah... Fado, quando
triste, fazes a guitarra chorar
Lamentas a tua sorte,
ainda que a cantar!
Nunca te deixes esmorecer
pelos desencantos
Que a vida te traz, sem
os pedires,
Aconchega-te no trinar
das cordas da viola,
Embala-te nos acordes
melodiosos da guitarra,
Solta a dor ou alegria
dos teus sentires,
Mas jamais deixes de
cantar com garra,
Ainda que te chamem vadio
e gabarola!
Canta fadista, canta o
fado com sentimento,
Da tua voz ecoará o belo
poema cantado,
Solta da tua garganta a
dor e o tormento
Ou a paixão do amor, por
ti imaginado.
José Carlos Moutinho
in “Calmas Margens”
Lido por Irene Silva
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