quarta-feira, 23 de dezembro de 2015

SILVANA VIOLANTE


SILVANA VIOLANTE

Quando eu olho a tua Pintura
Desejo ser a tua pintura
Sonho por te vestir de palavras
Anseio pelo teu verde e abraço o teu rosa
E o teu azul explode no céu
E então dos teus olhos soltam-se estrelas
E os gatos voam do teu pensamento para as telas
E os peixes voam nas nuvens como palavras
Palavras que vagueiam como cartas "da corcunda para o serralheiro"
Cartas sem asas para voar lá ficaram presas em F. Pessoa e
Caminhas ao longo da praia com a inocência pela mão
Mostras-lhe o mar rendado pedras e gaivotas nuvens e
Mostras-lhe a beleza e a bondade das "Carities"
Ouço Schubert e a música leva-me onde estão as tuas cores
Ai como tu abraças a natureza e deixas deslizar o pincel
Acariciado o risco e surge a magia e tu flutuas
Entre tintas telas gatos e luz e poesia
A tua dança é o fio condutor da Arte e
Lembras-me o poema de Vasco Graça Moura
"A Bailarina de Cabaret a Esvoaçar"
Seja o que for eu quero, quero o seu
brilho nos olhos a sua boca firme
o seu cabelo desalinhado"
Platão e Sócrates disseram" acreditar no belo mas
Que a beleza por si só não existe"
E eu continuo a procurar nas palavras a essência da Palavra
E procuro na música de António Pinho Vargas " Magnificate"
E no teu violino ouço Anne Sophie-Mutter
E na poesia de Sophia M. Breyner e na Alda Merini`
É assim que o meu tempo rompe o meu não Saber
É assim que eu anseio por te vestir de Palavras.

Aurora Gaia
in "Colectânea Galeria Vieira Portuense 2015"

Sem comentários:

Enviar um comentário