Os Poetas definham ao entrar no Ministérios
Como certas plantas no ar condicionado
A pureza e liberdade da floresta
inicia os sabores, os tons, e os aromas
mas depois vêem as gruas, as perfuradoras
e fica tudo destruído no chão calamitoso
de onde se erguerá a nova Babel do lucro odioso
e corações de cimento de gélidas arestas
troando e enfumando toda a nossa vida.
Os poetas morrem ao entrar nos Ministérios
não sem antes se tornarem avestruzes
E por isso é melhor serem tão desconhecidos
viver rente ao solo e longe de altas luzes
que quanto mais forte, maior sombra fazem
e o poema nem sempre se torna bem querido
e vale mais na gaveta que nos cemitérios…
Os poetas perdem-te ao entrar nos Ministérios
que a Poesia não sabe ou não pode coexistir na Banca
feita de outra carne, outra moral, outros critérios
diluindo furores, salvando vivas onde a morte espanca
Um poeta senhorio? Agiota? Legionário?
não pode existir. É impossível!
Poeta? É benfeitor dos espíritos, é o visionário
e na sua bandeira desenhou a Lisa destemível!
Fernando Morais
Sem comentários:
Enviar um comentário