quinta-feira, 26 de novembro de 2015

Murmurar palavras…


Murmurar palavras…

As aves cantam em chilreio sonoro matinal.
Assim avisado o dia que começa
no campo que atravessas,
de sol a sol em sortilégio no viver da idade
onde o pão que colhes
teu pai te ensinou.
Dobrado pela dor removes a terra ancestral,
sempre o fim é um preconceito
do talento transmitido
na ceifa prometedora.
Acaba o dia e regressas
agarrado à enxada
em que apoias a esperança.
O sol cai e na terra escura
as aves aproveitam a iguaria.
Aceitas o tempo que acaba
ao lume da lareira
onde o caldo ferve
tempero do dia que virá.
Ainda não sonhas o futuro
por ser breve o alvorecer
do chilreio matinal.
Sonoro aviso da vida pela manhã.
Começa a vida
olhando sempre a tua terra
sustentas a esperança
e no fim terás mudança.
As aves cantam em chilreio matinal
todas as manhãs, dobrado
de sol a sol, a cavar
nada te dão afinal
e, de volta, lá vem o chilreio
sonoro matinal.
Neste rodopio a terra será funda
e o sol se apagou;
teu corpo cansado e frio.

Condado de Moreira
 15/6/2013

Luís Pedro Viana

Sem comentários:

Enviar um comentário