O CORRIMÃO
A escadaria da casa era velha,
Mas tinha um corrimão
De madeira, um pouco de esguelha,
E nele segurava bem a minha mão.
Em direcção ao céu
Subia a escada antiga.
Lá bem no alto, uma voz amiga
Tapada com névoa ou com um véu.
Bem agarrada ao corrimão,
Guindava-me ao cume da vida,
Não mais olhando para o chão,
Por uma força impelida
Como bola de sabão!
Mas um dia ficou frio.
A névoa subindo do rio
Corroeu a madeira com a humidade.
E o corrimão aos poucos
Foi-se desfazendo…
Desfazendo com a saudade!
Irene Costa
in “Silêncio Branco”
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