sexta-feira, 26 de junho de 2015

HÁ TEMPO DE CHORO, CHORA-SE


HÁ TEMPO DE CHORO, CHORA-SE

Há choro…
na porta dos olhos,
na dor e no nada,
na fornalha do tempo,
no tempo extenso
e na extensão das sombras.

Chora-se…
os pesadelos,
as madrugadas intermináveis,
o veneno que se prova,
o silêncio que nos habita
e a solidão que nos consome
em tempo.

Há choro…
nas paredes ancoradas,
nas páginas que se apagam,
na fornalha do tempo,
no tempo das noites frias
e no frio que nos mata.

Chora-se…
nos enganos,
nas águas revoltas,
na frieza morna,
nas palavras do silêncio,
e no silêncio da solidão
do tempo.
há tempo de choro, chora-se

Há choro…
nas cinzas e nos vendavais,
nos abismos que se carregam
na fornalha do tempo,
no tempo parado
e na paragem dos pedaços da vida.

Chora-se!
As lágrimas que não se escorrem
quando se acaba nas sobras do tempo.
E há choro
no tempo que começa e acaba
e no fim da estrada.

António Carlos Santos
in “Geometria do amor”

Lido por Jorge Braga

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