UM
CÁLICE DE PORTO
Hoje
já não pergunto porque não voltas.
Apresso-me
apenas para chegar a destino nenhum
e
apagar as luzes que te vestiram.
Depois
permaneço deste lado do palco. Este lado
que
se mantém inalterável e escuro, onde a vida
não
é mais que um reflexo isento de espelhos.
Quisera
ter-te... mas não passei de um adereço
dispensável
na representação.
Resta-me
apenas o cenário onde ainda te revejo
e
vou confundindo a realidade para que o sonho
não
se suicide.
De
alma nua, amo apenas o mar que nos uniu
e
odeio a mar que nos afastou.
Havíamos
ficado, noites inteiras depois de um brinde
onde
juramos eternidade. Perdidos no riso
ou
exaustos na paixão, deixamos vazios, todos os cálices
daquele
Porto que escolhias por amor.
As
horas morriam no silêncio dos nossos corpos
emudecidos
de prazer, numa cama
que
ficou gravada pelas nossas mãos.
Se
a morte chegasse, pediria apenas um cálice
de
Porto dourado. E morreria bebendo cada beijo teu!
Ana Paula Lavado
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