quinta-feira, 21 de maio de 2015

NÃO TENHAS MEDO DA FORÇA DO VENTO


NÃO TENHAS MEDO DA FORÇA DO VENTO

Vem assim devagarinho!
Não tenhas medo da força do vento
que vai e vem no corpo das vagas…
Pousa a tua cabeça sobre o meu peito
e ouve comigo a arfar do vento que em plangente ária
conta a força das marés que encantam nosso estar…
Sente, sente devagarinho como tudo gira
no brilho das coisas por nomear.
Sente o brilho do todo que mostra rubor no seu ousar…
Vê como os gerânios se povoam de cheiros
que se evolam na imensidão do estar,
vê como a hortênsia colhe à exaustão
o brilho multicolor que tece seu encantar
e a videira se enlaça no louro em seu sedutor baloiçar…

Vem assim devagarinho!
Que importa se a luz é brumosa
se a bonina se perdeu em seu espraiar
se a giesta se perdeu em seu vertical estar
se a acácia se rendeu também de tanto ansiar.

A vida é muito mais que o clamor do vento
que sopra em seu sinistro assobiar
é muito mais que o desamparo
que por vezes corta ao amor seu breve assomar.
Por isso vem assim devagarinho
e ouve comigo apenas o ciciar do mar…
Cobre-me com teus beijos e desta vez
nada temas que saberei amar
mesmo que a Primavera seja apenas bruma
mesmo que a acácia, a hortênsia e os gerânios
percam o seu doce perfumar.

Acilda Almeida

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