ANGOLA DA MINHA SAUDADE
Oh… Terra da minha saudade,
dos caminhos perdidos na lonjura
do meu viajar, entre gigantescas árvores
de copas verdes, esvoaçando ao vento seco,
de um clima quente, como o calor da alma
de suas gentes!
Oh… Terra de chão vermelho
cor de sangue da vida,
que me levava em fascínio por savanas
de encantos matizados,
salpicadas por embondeiros místicos,
enriquecidas pelos animais selvagens!
Oh… Terra de mil cores,
dos morros de salalé,
obras prodigiosas da natureza!
Quero voltar a ver o equilíbrio das pirogas
a navegarem nos rios caudalosos,
deslumbrar-me na riqueza da fauna piscícola!
Oh… Terra da minha saudade
da alvorada do sol da paixão
e do encanto do luar do amor,
quero voltar a mergulhar nas águas do teu mar
quente de sentidos despertos,
aquecer a minha alma,
nas areias douradas das tuas praias!
Ouvir o batuque nas noites de luar
e o choro do kissange, clamando pela volta do seu
amor!
Quero voltar a percorrer os musseques da minha
infância,
Sentir-me novamente o jovem de inocentes
pensamentos,
que lá se tornaram maduros!
Terra de muitas terras
de muito chão, imensa distância,
que se vai perdendo na lonjura do tempo
e ficando cada vez mais presente na minha
saudade.
José Carlos Moutinho
in “Calmas Margens”
lido por Sebastião Oliveira
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