quinta-feira, 20 de novembro de 2014

INFINITO



INFINITO

Já é para mim hora de dormir.
Procuro nova forma de me consumir.
E que encontro ao lado senão o presumir.
Se o vento vem sempre a zunir
E nas árvores a bulir.
Que é isto que me dói e me pode destruir.
Que me encanta não estar a tinir,
Poder estar de verdade a sorrir,
E à pátria sempre vir.
Poder matar sem dor e fugir,
Semear e florir,
Para que possa sempre rir
Deste mundo, sem ter que pedir.
Alcançar sem ter que medir
As altas montanhas a subir
Sem ter medo de sucumbir.
Ver-me ao espelho sem me inibir.
Nas mãos o mundo construir
Sem tudo destruir.
Abrir brechas, abrir…
Para tudo conseguir.
Uma montanha, um rato, parir
A vida com arte, para poder dormir.

Luís Pedro Viana
in “Enigna”

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