sábado, 30 de agosto de 2014

PAI



PAI

Pai, não me lembro de ti
Porque te foste tão cedo...
Podias ter esperado mais primaveras,
Para veres crescer o cravo que plantaste!

Teria eu talvez uns tenros dois anos
E lembro-me, Pai...
Uma pequena imagem de ti,
Ficou perpetuada na minha memória!

É muito pouco do muito,
Que poderíamos ter convivido,
Mas Deus quis-te mais cedo...

Sei que deves acompanhar-me
Iluminado pelo cintilar das estrelas...
Mas eu não te vejo, Pai!

E assim floresci na vida,
Com o amor dobrado
Da minha mãe,
Que foi meu pai também!

Senti falta do teu abraço,
Que seria certamente muito protetor,
Do teu conhecimento da vida...
Assim sem ti,
Tive de aprender a caminhar sozinho!

Mas olha Pai,
Em breve nos encontraremos
E então quero todos os abraços,
Que se perderam no tempo,
Que não te tive!

Quero olhar-te e dizer-te:
Pai, não te conheci
Vi-te somente no esbatido de uma foto
Mas eu te amo!

Sabes Pai,
Até senti falta de alguma palmada,
Que me desses por castigo...
Mas tu te foste tão prematuramente!

Tenho saudades do que perdi de ti,
Ouviste-me Pai?

José Carlos Moutinho
in “Calmas Margens”
lido por Irene Silva

Sem comentários:

Enviar um comentário