sábado, 24 de maio de 2014

DESABAFO



DESABAFO

Embala-me esta cadência ritmada,
E a máquina, adianta-se na jornada a caminho da capital.
Perante meus olhos desfila apressada, triste e desolada paisagem,
E em meu peito se cava este vazio tamanho,
Afugentando para longe minha alegria franca!

Terra desolada, arrebatada pelo inverno castigador,
Prédios e casas delapidados,
Paredes enegrecidas pelo tempo austero.
Terra de campos alagados e adormecidos,
Espera placidamente rendida, o despertar da Primavera!

Tudo tem o seu tempo e sua honra, no calendário de Deus!
Diante meus olhos, desfila um Portugal triste e cansado
Parado no tempo, entretendo o sonambulismo em que caiu,
Jaz alquebrado e mal tratado,
Também ele esperando prenúncio de melhores dias.

Não nos matem a esperança, homens do mau País!
Mantenham a chama viva no coração dos poetas
Que sonham com quimeras deste povo destemido.
Dêem-nos dias de sol e fortuna,
Para que a dignidade volte e o orgulho, jamais se impugne!

Ester de Sousa e Sá
Nov. 2013

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