terça-feira, 25 de junho de 2019

SONHO



SONHO

Ao longe, uma harpa deixava voar
Doces notas melodiosas;
O amor transbordava da taça
E dançavam borboletas buliçosas...
As almas guardavam silêncio,
Quase não respiravam os corações;
Em câmara lenta rodaram braços
E enrolaram seus fios de sargaços
Que prenderam com brancos laços,
O ar carregado de emoções...

A música bailava a sua valsa de ilusão,
Trocavam-se fantasias,
Cantava o coração,
E com toques de magias
Até se ouviam cotovias
No espaço insondável do tempo!

O amor cobriu com um manto
O abençoado esquecimento
E o mundo parou a escutar
O que segredava o pensamento,
De quem tanto sabia amar...

Foi tempo de os botões de camélia
Tão brancos, tão puros e nevados
Começarem a abrir
Com toda a natureza a florir.
Numa explosão de cor e alegria
Brilharam mais as estrelas belas
Com fios de seda nos cabelos!

Nas bocas mudas de espanto,
No silêncio repleto de encanto,
Com um toque de varinha de condão,
Floriram camélias vermelhas
Que beijei, saudosa do cetim delas...

Hoje beijei camélias vermelhas...

Depois acordei...saudosa do sonho em que acreditei!...

Irene Costa
in “Coletânea Galeria Vieira Portuense 2015”

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