A ÚLTIMA PELE QUE DESPES É UM SOPRO
Quem se gosta mais do que gostar
é quem nos importa como o ar que se respira.
Ao longo da vida,
despimos a pele de filho ou filha
(esvazia-se-nos o peito);
alguns de nós, a pele de pai ou mãe
(esvazia-se-nos o peito).
Nus dessa pele, na verdade,
continuamos a vesti-la,
porque a memória mio a despe
(o peito, ainda assim,
esvazia-se-nos mais).
Um dia, haveremos de expelir
o ar que nos restar.
Por isso,
encho o peito,
o mais que puder, sempre que puder,
e respiro,
com ajuda de braços e dorsos,
o cheiro
da pele
de quem amo.
Sérgio Lizardo
Lido por Carlos Gomes
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