quarta-feira, 23 de janeiro de 2019

PINÓQUIO



PINÓQUIO

Dançávamos numa varanda sobranceria à baía quando ela parou, estática, e olhando-me perguntou:
- Diz lá o que sentes por mim mas não me mintas
Nas costas dela a mãe apreciava a cena, e sorrateiramente abriu a porta que dava acesso à varanda talvez com curiosidade de saber a resposta ou confirmar se correspondia ao que já tinha percebido. Respondi:
- Amor igual ao que só um outro te tem
Deu-me um beijo no nariz e rematou
- Pinóquio mas...e como se chama esse felizardo
Não tive tempo de responder pois nas costas dela a mãe respondeu por mim.
- Chama-se Rodrigo e vejam lá se acabam com a dança não se esqueçam que têm aulas de tarde.
Pura verdade e 1 década depois confirmou as palavras da mãe nas termas de Monfortinho quando chegada a noite nos dirigimos para o quarto.
- Onde durmo só há uma cama
- Nessa aí palerma
- E tu Leoa
- Na mesma abraçada ao sonho
No quarto ao lado a mãe preparava-se para a deita- ficou-me a sensação ter ouvido uma pequena risada.

Contos do Inácio
Adolfo Castelbranco

1 comentário:

  1. Pinoquio- autor- Adolfo Inácio CastelBranco de Oliveira, prosa recheada de sentimentos, um desvendar de segredos? A leitura nos remete a dispares sentimentos:- uma pequena malícia, e ao mesmo tempo pleno de inocência e nobres sentimentos, direi este conto é um lírio branco repleto de candura semeado em terras do passado sempre presente. foi assim que o senti ao ler. Quem não gosta de lírios brancos e de seu perfume inconfundível?

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