O QUIM
O Quim é natural do Lavradio
Quando está frio ele Salta e Canta
Não há dor na garganta que o apoquente
Ele é simplesmente 5 reis de gente.
Em dias de tormenta
Bebe mais uns copinhos
Para esquecer a dor violenta
Que lhe ataca o Rim.
Ai, Ai que dói aqui.
O Quim é sempre assim
Alegre a cantar dá saltos no ar
Parece um Serafim.
Por vezes é perspicaz
Sente uma pulga atrás da orelha
Zás… Passa logo ao ataque
Feito leão esfomeado.
Porém, fica frouxo e triste,
Porque o Quim foi abandonado.
A mulher a quem tanto ama
Tem agora outro dono
O Quim sente as duas dores
A do Rim e a do Sobrolho.
Dorme num canto certo da cidade
E vive das esmolas da caridade
Que lhe vai matando a fome.
O Quim sente-se marginalizado
Ele não é nenhum desgraçado,
Mas sim pobre, mas um rico homem.
Por vezes apanha as beatas do chão,
E Faz delas um biberão
Que o delicia até às entranhas
E aquele fumo vai entrando e saindo
Parece um assador de castanhas
Um dia porém chegou a sorte
Já estava às portas da morte
Quando alguém o agarrou e o modificou
Com as contas do Rosário
O Quim uma fábrica montou
E depressa se tornou
Num empresário
Anos mais tarde
Chegou a mulher que tanto amava
Para lhe arrastar de novo a asa
O Quim agora endinheirado
Esquece o mal passado e disse
Entra amor que és da casa.
João Bernardo
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