POR TI...
Foi por ti que imensamente corei sob as folhas
dos vastos embondeiros milenares, que me deslumbrei
sob as agulhas álgidas dos ciprestes, que colhi
a travos largos o rastro dos passos cortantes e trémulos
do luar, que trouxe nas mãos mariposas esbatidas
na densa luz a desmaiar, que engoli o travo do pó
até quando solene o vento se espumando raivoso
teimava no seu buscar e ouvi na voz dos dinossauros
o som rouco do seu pluvioso chorar...
Foi para ti que colhi as rosas a florir antes do seu estar,
que colhi a voz dos malmequeres para na solenidade
da tarde em enlevo seu odor te poder dar e foi para ti,
só para ti, que colei sobre a relva húmida e fresca
no cicio da terra o meu corpo em seu doce pulsar...
Foi para ti que encarcerei as marés em vividez
Que corri a direito sem ouvir a voz de Orfeu
em seu doce cantar e também foi por ti que
sem esmorecer no silêncio da noite sem véu
fui Prometeu sem nisso ver nenhum pesar...
Foi por ti que tudo colhi e não para ti
O todo que assim imensamente colhi.
Acilda Almeida
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