quarta-feira, 2 de maio de 2018

O GRANDE GOLPE DE ESTADO


O GRANDE GOLPE DE ESTADO
25 de Abril de 1974

Foi numa madrugada
Disfarçada
E em noite bem escura
Mas segura
Que a tropa sem dormir
Pôs-se a ouvir
Duas canções bem diferentes
Convincentes
Como sinal combinado
Preparado
Para um golpe eficaz
E bem capaz
De derrubar um governo
Quase eterno
De quarenta e tal anos
De tiranos
De teimosos e casmurros
Como burros
Que tinham essa veleidade
E vaidade
De se julgarem fadados
Consagrados
Do governo da nação
Que irrisão
E então vã de explorar
E apanhar
Uns milhões à imprevidência
Exigência
De uns tantos insaciáveis
E vendáveis
Que uns bons lucros obtinham
Pois convinham
À vivência de abundância
E ganância
Do monopólio de Estado
Descarado
Obtendo ainda mais
Bons capitais
Pois o povo explorado
E torturado
É a presa indefesa
Da avareza
E da nova inquisição
Imposição
Dum governo de fachada
Mascarada
Que apenas infundia
Tirania

Que o povo não aceitou
Pois se juntou
Ao grande golpe de estado
Preparado
Para se poder impor
Com vigor
Para que uma estrutura
Bem segura
Ao povo seja dada
E conservada
Instruindo-o no saber
Para conhecer
As razões de governar
E poder dar
Um voto de confiança
E de esperança
Ao futuro da nação
Que é a razão
Do nosso portuguesismo,
Sem fascismo

Pois o povo português
Com altivez
Lutando pela liberdade
Com vontade
Jamais será vencido
Se unido
Num abraço imortal
E souber morrer abraçado a Portugal.

Orestes Vladimiro 
lido por José Faria

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