segunda-feira, 26 de março de 2018

QUANDO EU MORRER...


QUANDO EU MORRER...

Quando eu morrer não digas que eu morri
Fecha a janela do quarto
E se perguntarem por mim
Diz que eu fui aos jardins de Ispãa
Buscar rosas para meu perfumar
Diz também que fui buscar lírios
Para perfumar meu eu
Ansiando seu pleno estar...

Não chores a minha entrega ao rendilhado do luar
Nem cubras de beijos o que de mim há-de restar…
Pensa apenas que sou aquela que achou
Que o mundo não tinha seu lugar
Aquela que havia querido moldado
Em pérolas de jade
O mundo tosco e maculado
Aquela que quis vestir as estrelas de carmim
A que ansiou a palavra sempre moldada...

Abre a janela do quarto
E deixa a serenidade do luar
Cobrir meu corpo sem véu
Quero levar comigo o que há-de perfumar
Para quando de novo ressurgir
Construir-me na harmonia
Que em mim mantive guardada...

Depois lentamente
Como se o Tempo se prendesse
No fio do seu enlear
Veste-me em leveza
Pensando que quis
Nos Jardins de Ispâa
Sempre morar...

Acilda Almeida

Sem comentários:

Enviar um comentário