quinta-feira, 22 de fevereiro de 2018

AQUI MORA O MEU AMIGO



AQUI MORA O MEU AMIGO

Vivo na encosta de um monte,
onde avisto um basto horizonte,
que termina num oceano perdido
e para além daquele monte,
existe a água duma fonte,
criada por um bom amigo.

A casa de pedra granítica denegrida,
tem uma porta e duas janelas;
são as janelas da minha vida,
por onde espreito por elas.

Pela manhã abro uma delas
E vejo o meu jardim todo colorido,
Os primeiros raios solar,
O meu jardim vem beijar.
São beijos dum bom amigo.

Quando em noites de lua cheia,
quase não utilizo a candeia,
colocada ali num pedestal,
a minha irmã faz meia
e o novelo é lua cheia,
que alimenta um enxoval.

Ao longe, os miúdos vêm da escola
e eu venho com eles também,
a minha casa denegrida,
anda envolta numa vida,
onde só ouço a palavra mãe.

Mãe dá-me isto e aquilo,
Mãe tenho fome quero comer...
Esperem mais um bocado,
O almoço está atrasado
E eu tenho mais que fazer.

Outra noite se aproxima,
a fogueira já se acendeu.
A casa é toda alegria;
aqui não há fantasia.
Aqui mora um amigo meu.

Ele alimenta a minha vida,
Ele a todos seduz,
Agora é minha mãe que faz meia
E o novelo é lua cheia,
As meias são para Jesus.

João Bernardo
in “O Poeta Pescador”

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