"(...)
um dia, quando a ternura for a única regra da manhã,
acordarei
entre os teus braços, a tua pele será talvez demasiado bela.
e
a luz compreenderá a impossível compreensão do amor.
um
dia, quando a chuva secar na memória, quando o inverno for
tão
distante, quando o frio responder devagar com a voz arrastada
de
um velho, estarei contigo e cantarão pássaros no parapeito da
nossa
janela, sim, cantarão pássaros, haverá flores, mas nada disso
será
culpa minha, porque eu acordarei nos teus braços e não direi
nem
uma palavra, nem o princípio de uma palavra, para não estragar
a
perfeição da felicidade."
José
Luís Peixoto
in
“A Criança em Ruínas”
Manuela
Caldeira
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