NÃO
ME PEÇAS MAIS CANÇÕES
Se
passares pelo adro
No
dia do meu enterro,
Diz
e à terra que não coma
Os
anéis do meu cabelo.
Já
não digo que viesses
Cobrir
de rosas meu rosto,
Ou
que num choro dissesses
A
qualquer do teu desgosto;
Nem
te lembro que beijasses
Meu
corpo delgado e belo,
Mas
que sempre me guardasses
Os
anéis do meu cabelo.
Não
me peças mais canções
Porque
a cantar vou sofrendo;
Sou
como as velas do altar
Que
dão luz e vão morrendo.
Se
a minha voz conseguisse
Dissuadir
essa frieza
E
a tua boca sorrisse!
Mas
sóbria por natureza
Não
a posso renovar
E
o brilho vai-se perdendo…
-
Sou como as velas do altar
Que
dão luz e vão morrendo.
António
Botto
Lido
por António D. Lima
António Botto tem poemas lindíssimos, Talvez tenha sido inveja de alguém que não consegue fazer poemas tão belos como este e outros poetas. Tal como o cacarejar das galinhas não deixaram falar deste e de outros poetas tais como Pedro Homem de Melo, Ary dos Santos, Eugénio de Andrade, etc., etc. Todos estes e outros sempre foram renegados pelo regime em vigor. A galinha que cacarejou nem para arroz de cabidela presta. Abraços com muita estima à GALERIA
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