terça-feira, 11 de julho de 2017

CHAVE PERDIDA


CHAVE PERDIDA

Já mal vislumbro o céu do teu rosto,
Embora o acaricie com o meu olhar.
A obsessão não queima o desgosto,
Que o peito meu não cuida olvidar!

Vai bem longe o amor que persigo
Mas ainda sinto, de seda, o fitar;
Embora triste, o céu não maldigo
Que foi uma bênção um dia te amar...

De saudade minh'alma quebrou.
Do fogo 'inda sinto o seu crepitar,
O fumo negro o sol descorou,
Sombras desmaiam por ele ao passar!

Na noite de bruma que em mim se abateu,
Jamais o lume voltou a brilhar.
Em vão, das grilhetas, a alma procura
A chave de ouro que a venha libertar!

De luto vestida, a noite é escura,
Debalde uma estrela se põe a piscar.
A vida, porém, é chama segura
Que um novo amor há-de iluminar!...

Irene Costa

in “Silêncio Branco”

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