CHAVE
PERDIDA
Já
mal vislumbro o céu do teu rosto,
Embora
o acaricie com o meu olhar.
A
obsessão não queima o desgosto,
Que
o peito meu não cuida olvidar!
Vai
bem longe o amor que persigo
Mas
ainda sinto, de seda, o fitar;
Embora
triste, o céu não maldigo
Que
foi uma bênção um dia te amar...
De
saudade minh'alma quebrou.
Do
fogo 'inda sinto o seu crepitar,
O
fumo negro o sol descorou,
Sombras
desmaiam por ele ao passar!
Na
noite de bruma que em mim se abateu,
Jamais
o lume voltou a brilhar.
Em
vão, das grilhetas, a alma procura
A
chave de ouro que a venha libertar!
De
luto vestida, a noite é escura,
Debalde
uma estrela se põe a piscar.
A
vida, porém, é chama segura
Que
um novo amor há-de iluminar!...
Irene
Costa
in
“Silêncio Branco”
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