sábado, 22 de abril de 2017

desENCONTRO


desENCONTRO
época das chuvas

Se me procuras
Para vires ao meu encontro
Não te apresses
Procura-me no Ontem
Porque hoje não sei onde me encontro
Procura-me entre o sorriso e o choro
Entre ruas e ruelas
E se não me vires
Entra nos becos e vielas
E pergunta aqui, ali, além

Até que te diga alguém
E se ninguém te souber responder
Vai… onda fora
Até ao Cais de Alcântara
O Cais da Partida
Encontrarás as minhas lágrimas
Abraçadas às lagrimas de despedida
E se embarcasses comigo
Contigo levarias o meu medo
E chegaríamos ao Pidjiguiti
O cais do Desassossego.

Se tiveres dificuldade em me encontrar
Prossegue mar fora
E procura-me entre o azul do céu
E o mosquito do Golfo
E com alguma coragem
Se prosseguires viagem
Vai até ao sol dos trópicos
E chegarás aos odores da selva
Aí,
Entre a época das chuvas e a seca
Entre o Geba e os rios com marés
Entre o branco e o negro da pele
Entre o acaso do azar ou da sorte
Encontrarás a linha que separa a vida da morte

Se me procuras
Para vires ao meu encontro
Apressa-te
E vem pelos caminhos da saudade
Porque é curto o tempo da verdade
E a saudade dos que já partiram
não cabe nas lágrimas dos que ficaram

Se me procuras
Para vires ao meu encontro
Apressa-te
E vem
Estarei à tua espera
Algures entre o ontem e o hoje
E se a linha que separa a vida da morte
Chegar primeiro
Não chores
Eu partirei na hora da verdade
E quando te der a saudade
Uma lágrima do teu silêncio
Apenas uma lágrima do teu silêncio
Marcará o nosso Encontro na Eternidade.

Angelino Santos Silva
- Homenagem aos camaradas ex-Combatentes na Guiné-Bissau.

- Homenagem ao Povo da Guiné-Bissau e Cabo-Verde.

Sem comentários:

Enviar um comentário