SORRISOS DE PAPEL
Mais simples
que minhas palavras,
é este meu sorriso manso,
descalço, vestido de
chita,
preso por algumas pregas,
marcas fiéis da vida,
uma hora feia, outra
bonita.
Mais simples
que meu olhar sem pressa,
é o meu sorriso ameno,
seja lá o que for que a
vida
ainda tenha reservado
para mim
nunca deixará de ser
assim,
limpo e sereno.
Se para marcar presença
tivesse que usar sorriso
fulgurante,
vestido de lantejoulas e
cetim,
eu, não seria mais eu
e a partir desse
instante,
seria o eco da minha
gargalhada,
rindo-se de mim.
Mas pelo esforço e pela
ousadia
que vivam os sorrisos
estudados,
ensaiados até à exaustão,
projectos de uma miragem
vã,
todos iguais, sorrisos de
papel,
onde se lê dor e
frustração,
verdade? alegria? neles
não há!
…
Alice Queiroz
in “Jardim de Afectos”
lido por Ana Ferreira
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