quinta-feira, 26 de janeiro de 2017

VEM MEU AMOR


VEM MEU AMOR

O céu agora é prata,
Daqui a pouco será ouro
E quando o sol desaparecer de todo
ainda o horizonte vai ficar iluminado.
Ficará como ouro desvanecido
e pó da agua que ascende do mar.
É um pouco de névoa que se projeta,
são dois jactos de luz no céu a brilhar
vestidos de verde e ouro.. ouro e verde.
Esta tarde, o sol põe-se sobre a barra.
Aparece, entre grandes manchas, deformado
e entre nuvens sombreadas.
Além, no horizonte, some-se e ressurge por fim
como se fosse um balão de fogo
gigante, num oceano revolto.

Furioso, ofegante que penetra numa grande nuvem
espessa, prenhe, de interstícios de fogo que explode,
iluminando a água cor de chumbo
esse espaço do tamanho do mundo.
Este sonhar é pesadelo e sobressalto
São três horas da tarde.
O céu esta limpo, e o mar manso
Sobre ele, uma chapada de prata a brilhar
sobre o verde, mil escamas que reluzem
e como brilham e dançam e seduzem.

O sol desce pouco a pouco,
majestoso e sereno.
No céu dourado, a luz é agora uma estrela
um ser celestial abandonado e aflito
numa estrada larga que nasce aos meus pés
feita d'espuma ensanguentada que, de lês a lês
tenta ligar o areal ao infinito.

Ó meu amor...
Não acredites nesta vida mesquinha
Dá-me a tua mão, Confia em mim
Vamos... Anda, não vais sozinha
Vamos, os dois...
Rumo ao céu que não tem fim...

Poema inspirado de um texto do livro "OS PESCADORES"
de Raul Brandão


António D. Lima

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