VEM MEU AMOR
O céu agora é prata,
Daqui a pouco será ouro
E quando o sol
desaparecer de todo
ainda o horizonte vai
ficar iluminado.
Ficará como ouro
desvanecido
e pó da agua que ascende
do mar.
É um pouco de névoa que se
projeta,
são dois jactos de luz no
céu a brilhar
vestidos de verde e
ouro.. ouro e verde.
Esta tarde, o sol põe-se
sobre a barra.
Aparece, entre grandes
manchas, deformado
e entre nuvens
sombreadas.
Além, no horizonte,
some-se e ressurge por fim
como se fosse um balão de
fogo
gigante, num oceano
revolto.
Furioso, ofegante que
penetra numa grande nuvem
espessa, prenhe, de
interstícios de fogo que explode,
iluminando a água cor de
chumbo
esse espaço do tamanho do
mundo.
Este sonhar é pesadelo e
sobressalto
São três horas da tarde.
O céu esta limpo, e o mar
manso
Sobre ele, uma chapada de
prata a brilhar
sobre o verde, mil
escamas que reluzem
e como brilham e dançam e
seduzem.
O sol desce pouco a
pouco,
majestoso e sereno.
No céu dourado, a luz é
agora uma estrela
um ser celestial
abandonado e aflito
numa estrada larga que
nasce aos meus pés
feita d'espuma
ensanguentada que, de lês a lês
tenta ligar o areal ao
infinito.
Ó meu amor...
Não acredites nesta vida
mesquinha
Dá-me a tua mão, Confia
em mim
Vamos... Anda, não vais
sozinha
Vamos, os dois...
Rumo ao céu que não tem
fim...
Poema inspirado de um
texto do livro "OS PESCADORES"
de Raul Brandão
António D. Lima
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