O POUCO QUE SEI E QUE
SOU...
Não vão comigo as minhas
estórias
As minhas estórias...
minhas!
como se elas fossem
minhas...
São apenas retalhos de
vidas, são memórias
que guardei num ninho
vazio de andorinhas.
São lágrimas sufocadas de
sofridos catraios
São gargalhadas
ressequidas, tristes e velhas
São noites medonhas,
iluminadas por raios
São chapas e tábuas que
sonham ser telhas
São luto e lutas
eternamente adiadas
São sonhos mortos na hora
de nascer
São caminhos com saídas
por romper
São um povo que devia ter
renascido
depois de abril ser nome
e ter crescido
As estórias que vivi, sem
serem minhas,
são o vôo de regresso das
andorinhas...
A flor do alecrim que
desafia o nevoeiro
e a vida retalhada que
amo por inteiro
São a alma feita de
pequenos nadas
e a esperança d'inventar
novas madrugadas
Não! Não vou levar comigo
a fonte, o chão e a raiz
o sol, a flor e a semente
que me fizeram feliz
Quero partilhar convosco
o que o Povo me ensinou
e deixar-vos, a todos, o
pouco que sei e o que sou.
Lourdes dos Anjos
in “Colectânea Galeria Vieira Portuense 2014”
lido por Lourdes
Alegria
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