terça-feira, 3 de janeiro de 2017

ALI ESTOU


ALI ESTOU

Fecho os olhos e perco-me na distancia do tempo,
Deixo meus pensamentos voarem em retrocesso
E como em câmara lenta
Mergulho em imagens do passado
Que para sempre ficaram gravadas na memória
Como fizessem parte do meu ADN
Sem grande esforço
Vejo uma menina morena, magra
Que de pés descalços, sente o pulsar da terra
Essa energia fecunda!
Pele bronzeada pela intensidade dos dias de sol abrasado
Ali estou!

Céu azul límpido, milhafre planando nas alturas,
Espaço coberto de verde me espia
Oásis de vegetação luxuriante
Que me acata e observa palpitante
O tempo sem asas perdura
Parece parado na lonjura
A natureza me abraça nesta minha ingenuidade
Nada anseio, nada peço, nada mais preciso,
Apenas estou!

Estou no tempo de tudo escutar,
Ouvir e nada dizer
Os olhos devorar e aprender
Saberes nas pedras do tempo escritas
Sou crisálida com fios de seda tecida,
Atravessei oceanos, rompi laços diletos
Que me prendiam à terra do meu nascer,
A outro continente chegada
Aqui estou!

Sinto o palpitar vibrante de África,
Que me segreda lendas inimagináveis,
Meus sentidos despertos
Deixam-se embalar pela brisa refrescante
Que geme e por mim chama
Estou no meu tempo de aprendizagem
Vivo uma existência sem medos
Sem pressa, sem ambição.
Numa aceitação total da vida
Tal e qual ela é vista
Pelos olhos de uma criança.


Ester de Sousa e Sá

Sem comentários:

Enviar um comentário