DESILUSÃO
No coração ouvi o rumor
dos teus passos...
Eras tu que regressavas!
Limpei o último grão de
poeira inexistente;
Enchi a mesa com as tuas
iguarias prediletas,
Sobre a toalha da Páscoa.
Sabes... aquela bordada
pela avó!
Flori a jarra com flores
silvestres:
Não esqueci as campainhas
brancas, de que tanto gostas!
E os pampilos amarelos...
E corri... Corri a vestir
a blusa de Festa!
Sabes... aquela de renda
branca,
A que chamava a blusa de
noivar...
Dei um toque no cabelo,
Pus uma gota de perfume
Entre os seios fartos
E fui para a janela
esperar-te,
Com riso no olhar e nos
lábios, beijos mágicos para te dar...
Mas... não te vi, nem
ouvi mais o rumor dos teus passos!
A rua estava deserta,
solitária...
Ah! E não ouvi a chave a
dar a volta no trinco da porta!
E não entraste... Não
subiste as escadas!
Ainda estou à tua
espera... solitária, como a rua solitária!
As flores na jarra
murcharam
E a blusa de renda
branca, feita de espuma do mar,
Com o tempo, cansada de
esperar,
Ficou pálida e a cheirar
a rosas desfolhadas...
Irene Costa
in “Colectânea Galeria Vieira Portuense 2016”
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