VELHO
SÓTÃO!
Lembro-me
daquele cheiro verdadeiro
da
velha casa da minha avó
um
enorme casario hospitaleiro
de
sótão a cheirar a antigo e a pó.
Ninguém
ia para lá exceto eu
era
para mim dos mais bonitos recantos
de
coisas antigas parecia um museu
com
velhos móveis, retratos e santos.
Lembro-me
tão bem do velho sótão
daquele
velho e espaçoso casario
nas
junções do soalho havia cotão
de
verão era quente e de inverno frio.
Velho
sótão que recordo com prazer
o
bater das janelas com a minha alegria
lembro-me
da minha avó a repreender
zangada
pelo barulho que eu fazia.
Antigos
retratos ordenados ao pé dos santos
sobre
panos de renda de branco linho
os
retratos e os santos eram tantos
nos
móveis arrumados com mestria e carinho.
Velho
sótão a cheirara lenha queimada
da
extensa casa da minha avó tão singela
dava-me
pão com marmelada
e
arroz-doce enfeitado com canela.
Se
por magia o tempo volta-se atrás
até
quando então eu era menino
tempo
que relembro e hoje muito me apraz
recordar
o velho sótão daquele velho casario.
São
lembranças do meu tempo ido
na
minha vida jamais as vou esquecer
aquele
velho sótão de soalho polido
de
velhas tábuas a balancear e a ranger.
ArtCar
(Artur Cardoso)
09-10-2016
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