QUIMERA
A
minha mãe pediu-me um colar
e
em cada conta do mesmo,
estava
um sonho de sonhar...
Pediu-me
uns brincos também...
Neles
se guardavam histórias,
e
pingavam as memórias,
que
a sua vida contém...
Foram
lendas, foram esperanças,
Foram
contos e lembranças
que
p'lo seu rosto, passaram...
Sorriu
ao espelho outra vez,
e
num milagre que se fez,
as
mãos que tremem, pararam...
Todas
as cores e matizes
lembrando
dias felizes
no
seu rosto a afoguear,
devolveram-lhe
a candura,
despertaram-lhe
a doçura,
quando
lhe dei o colar!...
E
em cada sonho sonhado,
feito
um rosário desfiado,
por
momentos, renasceu...
A
menina, hoje velhinha
com
a cabeça bem branquinha
de
novo, sonhos teceu...
O
seu silêncio profundo
que
continha a dor do mundo,
tinha
a imensidão do mar...
Olhou
ao espelho e sorriu,
adormeceu
e "partiu"...
quando
lhe dei o colar!...
Margarida Perfeito
in “Perdidamente”
lido por Beatriz Maia
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