terça-feira, 16 de agosto de 2016

QUIMERA


QUIMERA

A minha mãe pediu-me um colar
e em cada conta do mesmo,
estava um sonho de sonhar...
Pediu-me uns brincos também...
Neles se guardavam histórias,
e pingavam as memórias,
que a sua vida contém...
Foram lendas, foram esperanças,
Foram contos e lembranças
que p'lo seu rosto, passaram...
Sorriu ao espelho outra vez,
e num milagre que se fez,
as mãos que tremem, pararam...
Todas as cores e matizes
lembrando dias felizes
no seu rosto a afoguear,
devolveram-lhe a candura,
despertaram-lhe a doçura,
quando lhe dei o colar!...
E em cada sonho sonhado,
feito um rosário desfiado,
por momentos, renasceu...
A menina, hoje velhinha
com a cabeça bem branquinha
de novo, sonhos teceu...
O seu silêncio profundo
que continha a dor do mundo,
tinha a imensidão do mar...
Olhou ao espelho e sorriu,
adormeceu e "partiu"...
quando lhe dei o colar!...

Margarida Perfeito
in “Perdidamente”

lido por Beatriz Maia

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