AS ROSAS DO MILAGRE
De Espanha, lá de Aragão,
veio uma Santa Rainha
— Isabel era o seu nome —
Que para ocultar do marido
que no reino havia fome
e lhe manter a ilusão
de um país enriquecido
pegou no dinheiro e no pão
e transformou tudo em rosas!
Multicolores e cheirosas,
Floresciam mais e mais,
as rosas,
galgando muros e casas,
e transbordando, formosas,
para fora dos quintais.
Aumentaram a granel
e deram cor ao país,
não parando de brotar
do regaço de Isabel,
a mulher de D. Dinis.
Com as rosas, os espinhos,
a molestar á carne e os pés
de quem vai nestes caminhos!
E o rei, que ignorava
as amarguras do povo,
arava mais umas trovas,
provava do vinho novo
sofria e cantarolava
baixinho,
nas margens do rio Lis:
Aí flores, ai flores do verde pino!
se sabedes novas do Dinis ...
Ai Deus, e u é?...
Miguel Leitão
in
Vento na Alma
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