quinta-feira, 21 de abril de 2016

As mãos na terra picadas das ortigas


As mãos na terra picadas das ortigas
a olhar nos livros cheios de horizonte
alguém sussurra um som de água da Fonte
não te conténs e pensas nas raparigas…

O céu vai baixo, o cheiro é bom
o peito incha dos ventos leves
gosta mais do que gostas, não pares
antes de anoitecer não toques nesse dia

Deixa-o correr sozinho entre as folhas
Deixa-o esvoaçar por entre alguma brisa
deixa-o fazer cócegas nas flores
e ri-se baixinho ao fundo do quintal

Por um triz não me tornei no meu pior
inimigo, por um triz
Foi por pouco, coisa de meia hora
uma distância de 2 quilómetros, não mais
e tão grave teria sido o meu pior inimigo
um momento de perturbação como quando
mudamos de calçado e tropeçamos em tudo

Depois de todas as manchas e sujidades
de todas as luzes acesas reflectindo cidades
Depois de todas as cozinhas preparando montes de alimentos

A civilização actual do nosso País
funciona na mecânica acção do dinheiro
e na colectiva ambição de milhares
colectiva ambição do Poder
mais a oscilação pendular é produzida
pelo interesse pessoal

Como vai longe o dia em que as borboletas
E os sardões falavam entre si…


Fernando Morais

Sem comentários:

Enviar um comentário