As mãos na terra picadas
das ortigas
a olhar nos livros cheios
de horizonte
alguém sussurra um som de
água da Fonte
não te conténs e pensas
nas raparigas…
O céu vai baixo, o cheiro
é bom
o peito incha dos ventos
leves
gosta mais do que gostas,
não pares
antes de anoitecer não
toques nesse dia
Deixa-o correr sozinho
entre as folhas
Deixa-o esvoaçar por
entre alguma brisa
deixa-o fazer cócegas nas
flores
e ri-se baixinho ao fundo
do quintal
Por um triz não me tornei
no meu pior
inimigo, por um triz
Foi por pouco, coisa de
meia hora
uma distância de 2
quilómetros, não mais
e tão grave teria sido o
meu pior inimigo
um momento de perturbação
como quando
mudamos de calçado e tropeçamos
em tudo
Depois de todas as
manchas e sujidades
de todas as luzes acesas
reflectindo cidades
Depois de todas as
cozinhas preparando montes de alimentos
A civilização actual do
nosso País
funciona na mecânica
acção do dinheiro
e na colectiva ambição de
milhares
colectiva ambição do
Poder
mais a oscilação pendular
é produzida
pelo interesse pessoal
Como vai longe o dia em
que as borboletas
E os sardões falavam
entre si…
Fernando Morais
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