quinta-feira, 25 de fevereiro de 2016

XIII


XIII

Amanhã talvez amanhã
eu ame a outra de ti ave horizontal
aninhada no sangue
amanhã talvez amanhã
ames o outro de mim seixo efémero
exaltado amaciado
por línguas tuas amanhã talvez amanhã
o branco nos habite ou o terror
da noite acesa por esta comunidade
de membros e bocas
despojamento
seiva insaciável
como se a casa do amor contivesse
o desejo a devoração
da terra toda.

Casimiro de Brito
in Opus Affettuoso seguido de Última Núpcia

lido por Manuela Caldeira

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