SENTIR
Viver somente!
Respirar
E sentir no corpo
Este sol bem quente!
Sentir o vento,
Ouvir as aves
E poder cheirar
Todos estes odores
suaves!
Ver ao longe o casario,
O milho dobrado para o
rio
E ao olhar em frente
Ver desfazer-se no céu
Um carreiro de nuvem transparente,
Como se fora um vaporoso
véu!
O vento fazendo ondular o
milho
Como uma mãe
Que embala o filho,
Sussurrando docemente
Que o ama e lhe quer bem
E deseja ardentemente
Que seja feliz como
ninguém!
Viver somente!
Se for possível, não
pensar!
Sentir o coração ausente,
Esquecido até de te amar!
Apreciar toda esta
maravilha
Que se estende pela veiga
verdejante!
Ver com a alma a mãe
fazendo a trança à filha
Que saltita como um
pardal contente!
Viver, viver somente!
Para bem longe
Preocupações e cuidados!
Para bem longe
Ilusões e lembranças dos
seres amados!
Correr, correr distraído
Pelo monte, pela campina
Colhendo as flores da
vida,
Esquecida da própria
sina!
Caminhar, caminhar
indiferente
À chuva, ao vento
Ao sol ardente.
Cortando os elos que a
ligam à corrente
Insensível às dores do
tempo inclemente!
Irene Costa
in “Silêncio Branco”
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