quinta-feira, 26 de novembro de 2015

VELHICE


VELHICE

Oitenta e cinco anos.
Ali se encontrava, ela
Numa maca deitada
Consciente, não colaborante
Nem orientada,
No tempo, ou no espaço
Fácies inexpressiva indiferente
Completamente ausente
Da vida
O seu corpo inerte, degradado,
Sem higiene, mal tratado
Era um amontoado
De escaras e equimoses
Observei-a.
Sem ais de sofrimento
Sem queixume, sem lamentos
Delicadamente
Afastou a minha mão, inconsciente,
Como quem diz:
-Que fazes tu?
- Deixa-me em Paz!
- Já fui!
- Nada sou!
- Não sei onde estou!
- Nem para onde vou!
- Ainda que ausente
- Só me resta a mente!
- A recordação, de ter vivido, ter criado
- Agora aqui estou dentro de um corpo
- Vegetativo, semimorto
- ABANDONADO
- Como lixo, que ninguém quer
- Que se mantêm vivo,
Nos cuidados Paliativos?
PARA RENDER.

Da morte não tenho medo MAS DO DEGREDO
De um dia, assim VIVER???????.


Nélson Brito

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