sexta-feira, 26 de junho de 2015

17


17

A linha do tecido
abrigada no teu sorriso
num Sol parecido infindo
quando estás entre os meus braços
à espera do ansiado regresso fatal
aqui confesso
para todo o Bem e renegando todo o mal
que tenho sede da sua cintilância
a expressão doce do fulgor dos teus olhos
a alquimia talvez magia do amor paixão
removidos todos os escolhos

Quando o fogo gera a paixão
é o lírio que se expande florescido
no nosso abrigo de ocasião
e a taça com malvasia tem o sabor a maresia
até à extinção
momento em que finda o lamento
certamente feliz
quiçá eterno
mas apenas nulo
para ambos

nulo porque ao nos aniquilarmos somos deuses
como se o universo estivesse a ser criado
pela primeira vez entre fetos
acabada a longa gravidez
dos nossos químicos afectos.

Daniel Cristal
in “O QUADRO DO TEU SORRISO”

lido por Fátima Ferreira

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