e tivemos
de engolir o choro dos que acreditam
e de
mentir que a vitória vinha aí…
que o
Povo ia enfim ser Povo
e que
dele tudo havia de esperar
no
comboio da Fraternidade radiosa
lançando
novelos de fumo branco…
Era
assim…
Estou
aqui Pai! Já cheguei!
- Vamos
fazer a festa, filho…
- Estou
aqui, MÃE. Aqui estou!
- Ó meu
querido filho, que vens tão magrinho!...
- Estou
aqui GAIA, minha Gaia da petizada feliz.
- Vamos
fazer a Festa –
A festa,
a festa, a festa, Vamos???
E vieram
os votos e vieram os foguetes deles e apanhamos
as canas.
E vieram
os senhores para a televisão.
Tudo
muito estudado, muito medido, muito aperaltado
como num
caixão que vai a enterrar
com toda
a cerimónia…
Um caixão
com um corpo hirto, gelado, lá dentro.
Onde
estás, Pai?
Onde estás,
filho?
Onde
estamos nós?
Que
Portugal é este?
enriquecemos
todos tão depressa, tão depressa,
que até
metemos nojo a nós próprios.
Que foi
feito da minha Gaia?
o que foi
feito de nós?
“Olh’ó
diabo! Olh’ó Tal e qual!”
Vamos
fazer a festa? Vamos?
silêncio
não há
festa!
mas dou
50 contos para cortares a tua Oliveira.
mas dou
50 contos para cortares a tua Oliveira.
e depois?
e o azeite?
vou
comprá-lo a Espanha?
Fernando Morais
in “Um Estalo na Modorra”
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