GLICÍNIA
É um
rosto fechado a tua casa
Nem os lábios
da porta se entreabrem
Nem
sorriem seus olhos hialinos
Por mais
que eu use o pó do teu caminho
Por mais
que eu aprofunde essa vereda
E dela
faça o álveo desta mágoa
A tua
casa é concha de refúgio
Calcificou
o caracol da espera
Mal
deflagrou o pólen nos espaços
Emaranhou-se
ao muro uma glicínia
Marinhou
pelo mês de março fora
E em
minha vez foi ver-te na janela
Na tua
vez floriu em mil sorrisos
E sempre
que aí passo lá me acena
A
desdobrar-se em ânsias de infinito
Línguas
de fogo a rescender a azul
Queria
eternizar a primavera
E ser a
tua rua para sempre
Anthero Monteiro
in “Canto de Encantos e Desencantos”
lido por David Cardoso
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