quarta-feira, 21 de janeiro de 2015

EXISTIR TANTO


EXISTIR TANTO

Não sei se esta estrada de sonho
que me atravessa cabe nas palavras de um poema.
Não sei sequer se há palavras para este estranho vento
que se levanta
e para a lava incandescente dos sonhos
nas noites que duram tanto
(E me deixam exausto!)

Mas sei…
Que o mundo fica devagar
nas maçãs do teu rosto
e nos campos de papoilas ondulantes.

Que o vento se engasga
nos teus finos lábios
e nas searas de trigo doirado.

Que o tempo adormece
na ternura da cor dos teus olhos
e nesta vontade imensa de te amar .

Sei que o sol que abraço
tem o teu sorriso ao amanhecer
e que me traz a primavera,
a música infinita e as frestas vazias
do chão que quero pisar.

Arrumo as dores
nos umbrais dos sonhos
porque sei…
que depois de tanto viajar
neste labirinto de paixão,
cada sombra mágica e coleante de ti
é por si mesma um poema,
um poema…
um ninho de palavras…
a minha noite…
a minha madrugada…
o meu dia…
a sinfonia da vida.

E eu, já perdido,
é em ti que me encontro
é em ti que busco a
outra ilha de mim,
para existir tanto!...

António Carlos Santos
in "Da Geometria Do Amor"

lido por Irene Silva

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