OBRIGADO MÃE, POR TER NASCIDO!
(Ao meu filho Telmo)
Era um pedacinho de esperança, trigueiro e doce, nos lábios pu-
ros de criança saltavam beijos atirados à pressa, nos olhos dança-
va a ternura sempre em festa.
Parece que ainda te vejo gatinhar…
Queria ainda debruçar-me sobre ti, num afago sem fim penetrar
os meus dedos nos teus cabelos aveludados que a noite pintou!
Queria, em vez deste vazio enorme dos meus braços, ter o teu
corpinho bem junto ao peito que ternamente te alimentou.
O que o tempo fez de ti: Um Homem! Agora, em vez de me ver-
gar para te acariciar, levanto receosa a cabeça para tentar adivi-
nhar o que dizem os teus belos olhos enigmáticos e insondáveis.
Enquanto a minha mão percorre a tua barba cerrada que se es-
quiva levemente ao meu afago, a minha alma ajoelha-se para te
dizer: - Perdoa alguma severidade e exigência que só um dia, lá
bem mais longe, vais entender! Nunca esqueças que a bondade, a
generosidade, a coragem e humildade, são os grandes pilares da
tua vida que farão de ti o homem de amanhã!
A tua nova caminhada será longa e dura e constante; vais voltar
de novo a gatinhar mas desta vez, só e distante! A tua escora será
a certeza da nossa dedicação, do nosso esforço, do nosso carinho,
da nossa saudade. A nós, basta-nos o teu esforço e o teu sucesso.
Hoje, sinto-me perdida e só, no meio duma vida sem sentido. Pre
cisava tanto de te ouvir dizer ao meu ouvido, como quando eras
pequenino: “Obrigado Mãe, por ter nascido!”
Deus te abençoe e te ajude a caminhar!
Alice Queiroz
in “Jardim de Afectos”
lido por Irene Silva
Sem comentários:
Enviar um comentário